A GOTA QUE FALTAVA
A água
potável do mundo vai acabar, e talvez isso aconteça antes do que você imagina.
Saiba como vai ser a sua vida depois do fim, e veja o que fazer para tentar
adiar este momento.
POR
JESSICA SOARES
PLANETA
SUSTENTÁVEL
As previsões são
pessimistas: até 2025, dois terços da população mundial pode ser afetada pela
crise de escassez de água. E aí, tudo muda. Cerca de um décimo da água potável
disponível no planeta é usada para as tarefas cotidianas como os banhos de 15
minutos que você tanto gosta (e que podem mandar até 200 litros de água limpa
pro ralo) e descargas que jogam fora 2 litros de água potável por segundo. Dê
adeus a estes hábitos. A falta de água também vai estar à mesa: 90% dos
recursos hídricos são alocados para a irrigação agrícola e atividades
industriais – ou estas práticas se tornarão mais eficientes ou não vai ter
arroz e feijão no prato ou churrasco de domingo.Da água retirada de rios e aquíferos
para o uso humano, a maior parte é destinada à agricultura e pecuária:
Fonte: SNIS
Hoje, para uma em
cada sete pessoas do planeta, a falta de água já é uma realidade. A ONU estima
que um bilhão de pessoas não tenha água própria para beber e 2,5 bilhões não
tenham acesso a saneamento básico. A água está mal distribuída no planeta e, se
a crise hídrica cresce, se intensificam outras desigualdades. Conforme diminui
o acesso à água, a tendência é que os conflitos por água se intensifiquem. Se
falta água, piora também a saúde: segundo a Organização Mundial da Saúde, 80%
de doenças em países em desenvolvimento são causados pelo consumo de água não
potável e saneamento precário - a cada 20 segundos, uma criança morre por conta da
falta de saneamento. É muita gente bebendo água suja.
ESCASSEZ DE ÁGUA ABSOLUTA NO MUNDO
2014
2015
1,6
1,8
7
8,2
bilhões de pessoas pessoas atingidas
FALTA DE SANEAMENTO BÁSICO E/OU OUTRAS CONDIÇÕES DE
ESCASSEZ
2014
2015
2,5
5,4
7
8,2
bilhões de pessoas pessoas atingidas
Fonte: ONU
Apesar de o Brasil
guardar em seus rios 13% do volume fluvial mundial, se nada for feito, a partir
de 2025, cerca de um terço dos brasileiros enfrentará a falta de água, segundo
o Atlas Brasil – Abastecimento Urbano de Água, elaborado pela Agência Nacional
das Águas (ANA). Na Região Metropolitana de São Paulo, maior concentração
populacional do país, o ponteiro já está no vermelho, com uma demanda de água
4% maior do que há disponível nos reservatórios que a abastecem. Em 2025, este
déficit poderá ser quase cinco vezes maior. “O cenário não é exclusivo a São
Paulo ou ao Rio de Janeiro, ele vem acontecendo nas cidades como um todo. O
crescimento desordenado, a expansão em direção às áreas que deveriam ser
protegidas, a destinação inadequada de resíduos e de lixo - tudo isso
compromete a disponibilidade de água”, explica Samuel Barreto, especialista em
recursos hídricos e coordenador do Movimento Água para São Paulo, desenvolvido
pela organização ambiental The Nature Conservancy Brasil.
O desequilíbrio entre oferta e
demanda causa impacto na qualidade de vida. “No dia a dia, a água é fundamental
para a sobrevivência e higiene. E, olhando na perspectiva da sociedade, a água
é um vetor de desenvolvimento”, explica o superintendente de planejamento de
recursos hídricos da ANA, Sérgio Ayrimoraes. “Quando pensamos no aumento da
atividade produtiva, no crescimento do país, na maioria das vezes isso está
atrelado à boa gestão da água e na garantia de recursos hídricos para que todas
atividades aconteçam”, completa.
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